25.5.06

Antero de Quental




Amar! mas duns amores que têm vida...
Não serão vagos, trémulos harpejos,
Não serão só delírios e desejos
Duma douda cabeça escandecida...
Hão-de-se ver! e, como a luz fundida,
Penetrar o meu ser - não serão beijos
Dados no ar - delírios e desejos -
Mas amor... duns amores que têm vida.
Com eles hei-de andar no mundo: o dia
Não pode vir fundi-los nos meus braços
Como névoas ideiais da fantasia.
Nem os dissipa o sol co'a luz erguida...
Pois que podem os astros dos espaços
Contra uns débeis amores... se têm vida?!


(1) Faz parte da composição Maria (1984)


de Poesias de Antero de Quental
Imagem:Torkil Gudnason

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