25.5.06

António Barahona da Fonseca




O que eu persigo não me podes dar:
mas, ao ver-te, vislumbro a minha morte
de perfil, contra o mar e o vento forte
naquela tarde em que vieste amar-
me solitário, obsessivo e pobre

O que eu persigo, impossível d’alcançar,
és tu, nesse momento de dizer: «Conheço-te»,
que tento eternizar a breve transe sobre
a árvore na alta copa a clarear:
«Morte, vem a meus braços: eu amo-te, eu amo-te!»

O que eu persigo não se pode nomear:
perfeitamente espírito em leque
de cabra do deserto a tropeçar
no sangue e a morrer de sede a saque.

10.XII.83

Imagem: DunjicVladimir

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