26.5.07

Ana Marques Gastão



Sempre um de nós
foge. Sombria água
trépida e contínua
água em céu diverso
como diversa eu sou
chão sem flor.
Vã palavra, múltipla
palavra, longínqua
semente entre o arco
e a corda. Nada sara
em meu cego corpo
eu que imagem sou,
não alegoria.
Tremor antigo, árvore
sem fruto, nada resiste
nesta cidade sem casa
- só a garça chega em seu
liso voo porque o tempo
nunca é longo.


Sempre um de nós, Nocturnos- Canções com palavras, Gótica, 2002

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