Enterro sob o sol de Monte Abraão
Era a calma do mar naquele olhar
Ela era semelhante a uma manhã
teria a juventude de um mineral
Passeava por vezes pelas ruas
e as ruas uma a uma eram reais
Era o cume da esperança: eternizava
cada uma das coisas que tocava
Mas hoje é tudo como um fruto de setembro
ó meu jardim sujeito à invernia
A aurora da cólera desponta
já não sei da idade do amor
Só me resta colher as uvas do castigo
Sou um alucinado pela sede
Caminho sob o sol enterro de água
de Obra Poética de Ruy Belo - Transporte no Tempo - vol 2, Editorial Presença, 2ª edição, Lisboa, 1990
imagem:Mariah
Sem comentários:
Enviar um comentário