6.5.08

Ana Rita Calmeiro (1977)



Vivo sobre um fio de aranha esticado entre dois mundos paralelos.
Sou esse fio nesse lar de mentira passo os dias entre o presente e o futuro condicional do verbo maior de todos
O verbo que a morte não conjuga.
Eu conjugo.
O verbo que me quer fazer um filho sem pecado, de todos os meus filhos o mais amado.
O filho sonho.
Vivo este fio mentira caverna sombra esta lama esta luta esta lâmina aos pulsos da coragem tatuada.
Tudo por um grito em que me evada sem a dor que me resta em cada cicatriz.

Levo a minha fauna para a terra dos sonhos. Onde não se coma poesia não posso ser feliz.


Vivo sobre um fio…, de Luminária, Alma Azul, 2002
imagem:Andrzej Burak

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