25.5.08

Carlos Alberto Machado




Não sei para que lado da noite da noite me hei-de virar
onde esconder de ti o rio de fogo das lágrimas
quase a transbordar e acendo mais um cigarro
e falo atabalhoadamente de um futuro qualquer
e suspiro de alivio porque não ouves o que eu digo
ou se calhar também não sabes onde te esconderes
esperamos que se ilumine o lado certo da noite
é quando se esgotam as palavras e os silêncios
e a minha mão procura a tua que a recebe
e a noite se unifica e todos os rios secam
menos um por onde navegamos
para abolir a noite


de Talismã, Colecção: Poesia Inédita Portuguesa, Assírio & Alvim - 2004

Imagem: Dunjic Vladimir

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