26.5.08

David Mourão Ferreira




Acordo na manhã de oiro
entre o teu rosto e o mar.

As mãos afagam a luz,
prolongam o dia breve.

Entre o teu rosto e o mar
ninguém deseja ser neve.

Ninguém deseja o veneno
da noite despovoada.

Acorda-me a tua voz,
nupcial, branca, delgada.



de Até Amanhã, Ode, com desenho de Jean Cocteau. Lisboa, Guimaräes Editores, 1956
Imagem: Torkil Gudnason

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