8.5.08

Momentos Meus,




Era o tempo dos pirilampos. Eu adorava o tempo dos pirilampos. À noite, depois do jantar, sentava-me no quintal a olhar de olhos muito abertos, a manta de vegetação rasteira que subia até à vinha e, de repente, saídos do nada lá estavam eles a iluminar a minha imaginação. Eu sempre disse à minha mãe que os pirilampos eram trabalhadores do céu e que a sua missão, era transportar para a terra, devagarinho, ao ritmo de cada noite que passava, uma estrela enorme, inteirinha e, que no fim lá no céu, não ficaria nem um pedacinho para testemunhar a sua passagem.
Ela não acreditava e tentava por todas as vias explicar-me, o que era um pirilampo. Eu fingia perceber e, fingi tanto, que um dia deixei de lhe contar sobre a quantidade de estrela que eu já tinha armazenado, junto a mim, aqui na terra.
Do tempo dos pirilampos eu guardo ainda hoje a estrela, aquela na qual, nunca a minha mãe, nem mais ninguém acreditou. As pessoas têm muita dificuldade em ver para além dos pirilampos e é pena, pois se assim não fosse, não existiriam como existem, tantas estrelas sem dono e tantas pessoas sem luz.


nadir

imagem:Dean McClelland

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