12.5.08

Pedro Paixão



Era Agosto e a casa era habitada por duas raparigas. De manhã iam para a praia brincar com as ondas. De tarde ficavam a ler ou iam dar um passeio pelo bosque. Ao anoitecer entregavam-se ao prazer, ao indomável e irrequieto deus do amor. E entre risos e suspiros, as suas mãos, os seus sexos, as suas bocas, as infinitas partes dos seus corpos, conjugavam-se em estranhas figuras sobre a cama coberta de sombras. Depois, suavemente, adormeciam.

Havia um cesto com laranjas à porta de casa. Tinham a cor do sol. A cor delas contratava com o escuro das folhas, da floresta que tudo abafava num segredo. Nada tinha de ser como devia e nenhuma delas precisava de saber o esquecimento dos dias que, inexorável, se aproximava.

Pudesse a noite durar não uma, mas duas noites inteiras.



Havia um cesto de laranjas à porta de casa
de Quase gosto da vida que tenho, Quetzal Ed., Lisboa 2004
imagem: Tamara de Lempicka

2 comentários:

Anónimo disse...

Pudesse.








beij

Nadir disse...

Olá blue, estás bem? eu estou triste porque tenho problemas no "outro" nadir. Gosto deste mas, tenho amor ao outro...enfim, quem me manda ser lamechas!?

um abraço grande para ti

m.m.