5.5.08

Valter Hugo Mãe




desembaracei-me da noite. corrigi
as cores, apurei o movimento com
que reajo em surdina e deambulei
inquieto pelo caminho passante que me
trouxe aqui – onde contenho a austeridade
mas proíbo qualquer sensual realidade
a me exibir. há sol e
póstumas palavras a escolher. tudo o mais
não sou eu. sim, por vezes estou consciente
e compreendo que não paro de escrever
poemas onde existo demais. mas arrependo-me, e
pedirei perdão assim que destrua
este livro



começo por cerrar os olhos com a vida dentro
e sentir vontade de enlouquecer muito – 9


de estou escondido na cor amarga do fim da tarde, Campo das Letras – Editores SA 2000 da colecção Campo da Poesia – 30
imagem:Erlend Mørk

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