3.6.08

Almeida Garrett (1799 - 1854)



Nascido no Porto em 4 de Fevereiro de 1799, baptizado como João Leitão da Silva, o autor só mais tarde acrescentou ao seu nome o patronímico Baptista (em honra do padrinho) e os apelidos Almeida Garrett (o primeiro da avó materna; o segundo da avó paterna, de origem irlandesa) que o haviam de imortalizar na política, cultura e literatura portuguesas. Durante a infância, passada até aos dez anos em Vila Nova de Gaia, entre a Quinta do Castelo e a Quinta do Sardão (ambas pertencentes à sua família), Garrett ouviu modinhas populares e composições da tradição oral, contadas e cantadas por duas criadas: a velha Brígida lembrada pelas suas «histórias da carochinha» em Viagens na minha Terra e a mulata Rosa de Lima, que surge no prefácio de «Adozinda» como recitadora «de maravilhas e encantamentos, de lindas princesas, de galantes e esforçados cavaleiros». Destas recordações de criança surgirá o seu gosto pelas tradições nacionais que o levaram desde muito novo a compilar os textos que mais tarde utilizou na edição do Romanceiro e Cancioneiro e incluiu em algumas das suas peças de teatro. O pai de Garrett, António Bernardo da Silva, um funcionário superior da Alfândega, nascera na ilha do Faial, o que explica que a família tenha procurado refúgio na Ilha Terceira quando saiu do continente antes que as tropas Napoleónicas do general Soult tomassem o Porto. Nos Açores João Baptista estudou Latim e Grego, literatura clássica e filosofia, com dois tios: João Carlos Leitão e o poeta e humanista D. Frei Alexandre da Sagrada Família, que foi Bispo de Malaca e de Angra, e bispo eleito do Congo e de Angola. Sob a influência dos tios e desejo dos pais, o jovem Garrett pensa abraçar a carreira eclesiástica, ideia que depressa abandona por não se sentir vocacionado para sacerdote. Nas ilhas começou a escrever, sob o pseudónimo Josino Duriense, influenciado ainda pelo estilo clássico. De regresso ao continente, em 1816 Garrett matriculou-se em Leis na Universidade de Coimbra, cidade onde fundou uma sociedade maçónica com Manuel da Silva Passos e José Maria Grande. Em Coimbra funda também um teatro académico e faz representar o seu drama Xerxes (que se perdeu) e a tragédia Lucrécia; na mesma época intenta a escrita de duas tragédias, Afonso de Albuquerque e Sofonisba, que deixou incompletas. Concluída a formatura em Direito, parte em 1820 para Lisboa onde, participa na revolução liberal. Em 1821, durante a representação da tragédia Catão, conhece aquela que virá a ser sua mulher, Luísa Midosi, prima de seus amigos Luís Francisco e Paulo Midosi. Nesse mesmo ano, após a publicação do seu poema «Retrato de Vénus», Garrett é acusado nas páginas da Gazeta Universal pelo Padre José Agostinho de Macedo de ser «materialista, ateu e imoral»; em Coimbra é suspeito de abuso de liberdade de imprensa, pelas respostas que deu em sua defesa no periódico Português Constitucional Regenerado, acusação da qual sairá ilibado no início de 1822.


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