28.1.09

Isabel Solano


Onde estão as palavras
para dizer o silêncio dos homens
que calam feridas de olhos abertos?

Onde estão as palavras
para dizer o sono alucinado
dos que guardam vigílias?

Onde estão as palavras
que me não diz o vento
mas que ouço e guardo sempre?

(31/05/2008)


vagaroso é o silêncio dos rios que correm
vertem-no olhos baços
sufocando o canto das aves
enquanto a manhã se deita indiferente
no sinuoso ondular do texto
sílabas rubras volteiam
como folhas secas num sopro inútil
tão inútil como o sono das pedras
e devagar, sempre devagar,
eclodem ainda do visco quente
as palavras que ninguém sente
sobre o branco árido da tela

(7/5/2008)

Isabel Solano

de Entretextos, inédito, 2008.
Imagem: xmissjessicax - sivet-christophe

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