28.1.09

José Pastor - Moçambique



As estrelas hoje saíram
fora do seu leito azul
e vieram brilhar nas margens
dos meus olhos terrosos.

Com fúria de granizo
uma fumaça de luar
me embacia os olhos
num nevoeiro de borrasca ventosa…

Eu suporto frios intensos
e o branco polar
também pode ser pomba

Fechei minhas pálpebras
e as cisternas dos meus olhos
armazenaram mais águas.
e eles permaneceram límpidos,
sem uma lágrima,
com as raízes mergulhadas
no húmus milenário que me
alimenta.

Que me perdoem as flores,
mas eu hoje amei-as assim mesmo:
perdidas na cor e no balido dos
charcos, dançando ao vento
lágrimas vivas
confundidas com pinhais.



De Antologia da Nova Poesia Moçambicana
Imagem: Inácio Matsinhe - aguarela sobre papel

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