navegar o silêncio a memória
navegar as estrelas o odor do espaço
o seu sangue coagulado em planícies de vento
por jardins alinhados de poeira e ar
navegar os destroços
as palavras e os barcos
navegar por sinais intemporais
ou por silêncios se espectros
terraços
templos imersos
em conversas de aéreos vitrais
navegar os astros em cânticos desertos
em grandes transtlânticos do espaço
entrevistando luzes terrestres
navegar alucinadamente
vocábulos e tendões
por inúmeros portais invisíveis
electrões
navegar na cápsula do tempo muito lentamente
galáxias ritmos e ritos
navegar o vento
navegar inesperadamente
a astrofísica da vida
navegar secretamente contra o escuro
contra a luz apodrecida
uma esfera de silêncio
navegar contra os átomos ausentes
Alexandra Kräft (heterónimo de Maria Azenha), Navegação de Concerto para o fim do Futuro, Ed. Hugin, 1999
Imagem:Zilvinas Valeika
2 comentários:
o corpo é uma nave no tempo.
um beijo celeste
... na nudez do nós.
muito lindo!
venha sempre VFS.
margarida
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