Em dias como este, argutas raízes sobem
pelas paredes que apartam a terra.
Trazem à superfície a memória dos
que, embora expostos no centro da sala,
seguram os alicerces da casa.
Sentados na fotografia sorriem ao medo
que fosforesce pela fresta da janela
e alastra à moldura
e ao peso absoluto do silêncio,
quando na boca a saliva atravessa
a vertigem dos anos.
Em dias como este,
que procuras colher nesses plantados rostos
cujos traços sulcaram
a vida destas quatro paredes?
Em que verdes retratos extingues
a repercussão de teus passos,
em que mapa te hás-de procurar,
senão no sangue
que cresce da tua ausência?
Lugares Mal Situados de Luís Filipe Nunes
Imagem: Janusz Taras
2 comentários:
um bocadinho prosaico mas até não está mau este poema.
pessoalmente, gosto bastante dele. Tem musicalidade.
seja bem-vindo
margarida
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