22.5.12

João de Mancelos




às vezes, depois do amor,
quando feras dóceis rondam o nosso sono,
e afastam os passos dos teus amantes,

às vezes, quando me encosto à nudez, exausto,
e tomo o peso às tuas palavras,
e fico sempre devedor,

às vezes, quando me inventas um nome
para que a madrugada chegue
e eu não tenha de morrer nunca mais,

às vezes, penso no deus que te perdeu,
beijo-o e choro, às escondidas,
por ele.


(retirado do site do autor)

depois do amor O Prisma de muitas Cores: Poesia de Amor Portuguesa e Brasileira. Org. Victor Oliveira Mateus. Pref. António Carlos Cortez. Fafe: Labirinto, 2010.
Imagem: Kenne Gregoire - Tutt'Art@

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