29.5.12
Paulo Tavares
Madrugada
uma qualquer
de entre muitas
a chuva feriu a pele das paisagens adormecidas
passou por aqui quase como uma miragem
mas deixou nódoas de desespero por toda a parte
agora afastou-se
libertou um punhado de estrelas
e deixou respirar as florestas distantes
porém
o ténue brilho dos objectos molhados
reflecte o espectro de uma lenta rendição
existe no ar um cheiro estranho
a terra ensopada crava o seu odor
nas almas já então enlameadas
os olhares cambaleiam na berma dos precipícios
as vozes de revolta são abafadas
pelas muralhas do universo
por todo o lado surgem balas
apontadas aos peitos descobertos
de Pêndulo , Quasi Edições, 2007
Imagem: Alena Plihal
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