Devagar caminhavam, as mãos na cabeça. Viam o fascínio fresco do rio; na lentidão dos olhos adoravam as trutas. Nunca estes homens comeram um peixe. Na primavera subiam, eles e o gado, ao monte: falavam com as árvores, mascavam bagas azedas. Desciam, no dealbar do Inverno, por caminhos de terra batida. Da margem esquerda do rio, bebiam a limpidez da água para desagasalhar o sono das trutas. Abraçados à noite, endoideciam. Abraçados à noite.
Mãos na cabeça de O homem do saco de cabedal, Campo de Letras, Porto Maio 2000
Mãos na cabeça de O homem do saco de cabedal, Campo de Letras, Porto Maio 2000
Imagem:Tony Hadley
2 comentários:
este blog continua a pertencer à elite dos meus poisos diários.
A pintura é próxima e a prosa e a poesia também.
beijinhos
olá Kim estás bom? Andas fugido meu malandro!
abraço para ti
m.m.
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