20.4.12

António Salvado




Afastarás amar
                     os vestígios de acasos
onde coloco as mãos;
                    fugirás ao tropel
onde abonanço os olhos
                   cansados de fulgirem;
impedirás a voz
                  de ouvir as consonâncias
da minha turbação;
                  deixarás de querer-me:
porque eu sou o vazio
                  impenetravelmente,
porque em mim nada habita
                  não batas mais à porta
cerrado do futuro.
                  Preciso de dormir.


Fechadura de Águas do Sono, Ulmeiro, 2003
Imagem: Kenvin Pinardy

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