16.4.12

Paulo Kellerman




Estão num bar, rodeados por fumo gargalhadas estridentes. Olham-se por acaso e estudam-se mutuamente. Um deles levanta-se, caminha até ao outro. Sorrisos, bebidas partilhadas. O primeiro toque. E o olhar: convidando, aceitando.
Entram no hotel em silêncio, um pouco apressados, tentando dissimular a ansia. Beijam-se, despem-se; fazem amor. Não: fazem sexo.
Depois: deitados, ainda um pouquinho ofegantes; confortáveis, quase saciados. E alguém pede, num murmúrio: diz que me amas; o outro corresponde, sem embaraço: amo-te. E adormecem, talvez felizes.
Não chegam a dizer os respetivos nomes.


Tão fácil que é mentir de  - Primeira Antologia de Micro-ficção Portuguesa - exodus
imagem: Luciano Moreira

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