6.9.12

Isabel de Sá




Usar a liberdade de tudo é ainda evocar a dúvida. O mundo não suporta a extrema delicadeza da fala poética. Mas o instinto gastou o nosso rosto, arrastou-nos para o mal. Nesse tempo, nesse tempo em que fomos amantes, a luz doirada do abismo fez-me cair na tentação. Não esqueço o teu olhar, a treva do teu corpo mergulhado na penumbra.
Ao enfrentar a experiencia daquele que se arruína, meu espirito dissolve-se na contradição. A matéria é carnal e, enquanto estou só, sou alguém que está comigo.


Nesse tempo de O Duplo Dividido seguido de Palavras amantes e Poetas Suicidas; Lisboa, &etc., 1993
Imagem: Deviantart, donjuki

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