12.7.05

Momentos Meus



Quis tanto falar sem dizer, ouvir sem escutar, ver sem olhar; quis tanto libertar-me da pele, do sentir, ser gelo, ferro ou mortalha. Erro meu, que ainda mais me afundei no escuro da noite, onde tentei em vão reter, entre os meus dedos, a poalha liberta pela última fogueira, que um dia, longe da minha memória, me aqueceu.
Quis tanto ser eu, fora de mim, uma vela apagada, um solo árido, um deserto sem oásis ou apenas, uma flor murcha numa jarra de vidro partido. Quis tanto…e o que consegui? Nada!
Sim, porque é nada este vazio que carrego no olhar quando à distância, enxergo as malhas da seda que outrora, compuseram a matéria que envolvia os meus sonhos.



nadir

imagem:Helena Margarida Pires de Sousa

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