Abria a porta, e a nítida imagem
- o teu rosto, o seu definido presente, a sua iludida memoria –
vinha fazer naufragar o escuro
do longo corredor pela frente.
Naquele tempo
a aflita mancha de palavras azuis
pulverizava certezas,
segredava-lhe o livro ardente,
o enigma da sua possibilidade.
A aflita mancha de palavras azuis
era distancia não exercida,
ludibriada pelo júbilo,
houvesse crença na sua morada.
Abria a porta
e o volume do medo bloqueava-lhe
agora o passo
do que antes fora toda uma vida.
de Verso Antigo Lisboa, Livros Cotovia 2001
imagem:Augusto Peixoto
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