25.5.08

Carlos Porto




Atravessa o vazio
como uma pedra
lançada por uma criança
Um cego
chora ao pressentir
a maldade
O nada magoa a sombra
retrato de cego
O nada mexe
com a lentidão
de um poema sem palavras
A tristeza invade o lugar
onde o vento nasceu
Conseguirmos entender o sangue
povoado de peixes tristes
Quem me dera chorar
as ultimas lágrimas
e avançar pelo mar dentro
até encontrar o paraíso.


De Poesia Cega, Campo de Letras – Editores, S.A. 2000
Colecção Campo de Poesia - 26

Imagem: Gundega Dege

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