7.5.08

Maria Isabel Sampaio


Detrás da parede de vidro
vozes
olhares
errâncias.

Bocas pisciformes
soltam bolhas de som
que se cruzam e rebentam
ao burilarem sentidos.

Olhos cúpidos
ou agrestes
rasgam abismos perenes
onde a alma
não consegue caminhar.

Redemoinhos sem norte
transportam nas suas garras
corpos hirtos ou curvados
que se tocam, lado a lado,
e se ignoram
no perpetuo voltear.
É assim, assim será.
Quebrar a parede, para quê?


Solidão de Do outro lado e Aqui, ed. Cosmos e Maria Isabel Sampaio, 1993

imagem:Emrah Icten

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