21.5.09

João Rui de Sousa









por onde crescem chispas de fragor.
E não há paz que negue este confronto
nas águas rebentadas, estilhaçantes.
E não há som que imite esta disputa
de espumas salgadas e areias.
Não há barulho igual ao deste estrondo
refeito de cadência e de furor.
Uma e outra e outra e outra vez,
estas canções retumbam, inclementes.
E não há muros que lhe ponham cobro.
E não há sol que dome ou circunscreva
o cenho desses uivos e marradas.


de Quarteto para as Próximas Chuvas. Lisboa, Dom Quixote, 2008
Imagem: Tomohide Ikeya

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